Melhores amigos: estudo com cães brasileiros tenta descobrir como fazer com que vivam mais e melhor

Kitana é uma profissional da detecção de armas e drogas. Demonstra agilidade, perícia e segurança. Mas também nasceu com alma de modelo. Treinada para faro, ela esbanja talento na frente das câmaras. O único defeito da pastora belga malinois Kitana parece ser o de todos os cães. Eles nos deixam cedo. Cachorros vivem pouco e compartilham muitas das mazelas da velhice humana. Porém, no mundo, uma série de novos estudos científicos tenta dar aos cães uma vida mais longa e saudável. No Brasil, a primeira iniciativa do tipo deverá começar esse ano e investigará estratégias para a melhoria da qualidade de vida. Sobretudo, em cães profissionais como Kitana, que pertence ao Batalhão de Ações com Cães (BAC), da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
É possível prolongar a vida dos cães?

A convivência com nossos cães é tão especial que, muitas vezes, o tempo que passamos juntos parece ser curto demais. A expectativa de vida de um cão, que pode variar de 8 a 15 anos dependendo de porte, raça e outros fatores, muitas vezes desperta uma pergunta comum entre tutores: é possível prolongar a vida dos cães? Leia mais: O que é a epigenética? Essa questão, antes limitada aos cuidados básicos, ganhou novas perspectivas graças aos avanços da ciência. Pesquisadores e empresas ao redor do mundo — incluindo iniciativas inovadoras no Brasil — estão mostrando que é possível prolongar a vida dos cães, não apenas aumentando os anos de vida, mas também garantindo mais saúde e bem-estar durante esse período. O envelhecimento canino: o que sabemos até agora? O envelhecimento é o principal fator de risco para doenças crônicas em cães. Assim como nos humanos, ele está associado a uma série de alterações biológicas, como inflamações persistentes (o chamado “inflammaging”) e a diminuição na capacidade de regeneração celular. Essas mudanças estão diretamente ligadas a condições como osteoartrite, insuficiência renal, doenças cardíacas e até mesmo alguns tipos de câncer. Mas, ao contrário do que se pensava no passado, envelhecer não precisa ser sinônimo de declínio inevitável. Estudos de gerociência — uma área que investiga como desacelerar o envelhecimento — têm demonstrado que é possível atuar diretamente nos processos celulares para reduzir os impactos do tempo no organismo. Um dos principais focos é atacar os chamados “marcadores do envelhecimento”, como o acúmulo de células senescentes (células velhas que perdem função, mas continuam inflamatórias) e a diminuição da funcionalidade mitocondrial, que prejudica a produção de energia. Soluções inovadoras na longevidade canina Os avanços não estão apenas nos laboratórios. Empresas de biotecnologia ao redor do mundo já começam a aplicar os conhecimentos da gerociência em soluções práticas para os cães. No Brasil, uma iniciativa inovadora tem ganhado destaque: a combinação de ciência, tecnologia e personalização para desenvolver protocolos que buscam retardar o processo de envelhecimento. Trata-se da PetMoreTime, cujos protocolos geralmente envolvem: Essas ferramentas não apenas aumentam a expectativa de vida dos cães, mas também ajudam a reduzir os impactos das doenças associadas ao envelhecimento, promovendo mais qualidade de vida.
Dá para aumentar a longevidade dos cães? A resposta pode te surpreender

A pergunta é feita por uma multidão de tutores ao se despedirem de seus animais de estimação. Em média, os cães vivem entre 8 e 15 anos, segundo a American Veterinary Medical Association. Mas pode ser mais, dependendo das condições de alimentação e saúde, do ambiente, da raça e do porte do animal. Um estudo inglês, divulgado neste ano pelo jornal Scientific Reports (do grupo Nature), indicou que até o tamanho do focinho pode estar relacionado a uma maior expectativa de vida. Pesquisas anteriores já apontaram que cachorros pequenos tendem a viver mais do que os grandes. O trabalho em questão cruzou dados de 584.734 cães fornecidos por 18 organizações – de abrigos a companhias de seguros para pets – para avaliar porte, género, raça pura ou mestiça, e o formato do crânio, investigando a interação entre essas características. Os resultados foram apresentados por Kirsten McMillan, chefe adjunta de pesquisa da Dogs Trust, a maior instituição de caridade dedicada a cães no Reino Unido, que fez parte da pesquisa. Segundo a investigação, entre as raças puras, cadelas pequenas e de focinho longo tendem a ter a maior expectativa de vida, com média de 13,3 anos. Já a de cachorros de focinhos achatados (braquicéfalos) é de 11,2 anos, possivelmente pela maior propensão a problemas respiratórios. Como os pesquisadores ressaltaram, os dados se referem à região, e diversos aspectos locais podem influenciar, desde a maneira como a sociedade inglesa cria seus companheiros peludos até a situação dos animais para adoção. Cuidado e prevenção De qualquer modo, independentemente do país ou das características do cachorro, a orientação básica para quem deseja aumentar o tempo de vida de seu pet é: cuide disso desde que ele é filhotinho. E mantenha essa atenção ao longo da vida do animal. Para o médico veterinário Pedro Risolia, da Petlove, é preciso entender que o cuidado não se inicia só quando o cão está idoso. Para o cachorro ser longevo, é essencial oferecer boa alimentação, exercícios, vacinação e consultas periódicas ao veterinário – não só quando o bicho está doente. “Temos uma cultura de levá-lo ao veterinário só quando o pet está mal. Mas é aconselhável levá-lo ao menos uma vez por ano, mesmo estando bem.” O fato é que nossos bichos de estimação estão vivendo mais tempo agora do que décadas atrás. E isso se explica pela transformação da relação das pessoas com “o melhor amigo”. De acordo com Risolia, o que gerou esse impacto na sobrevida foi a forma como lidamos com o cachorro. “Quando ele estava no quintal de casa, aberto às intempéries da natureza, comia resto de comida, tinha doenças que não eram diagnosticadas nem tratadas, seu ciclo de vida se tornava menor,” disse o médico. Leia o restante da matéria em https://braziljournal.com/da-para-aumentar-a-longevidade-dos-caes-a-resposta-pode-te-surpreender/ Por Luis Estrelas
Longevidade canina: ciência que prolonga a qualidade de vida de pets pode retardar os sintomas da velhice em humanos

Por Matt Kaeberlein Publicação Original: Época Negócios Compreender melhor os mecanismos de envelhecimento por meio da pesquisa em cães pode levar a intervenções mais eficazes e econômicas que prolonguem a boa saúde na velhice Não é de hoje que a longevidade é um desejo da humanidade. O sonho de Peter Pan, daquela jovialidade eterna, nos estimula a querermos viver mais e melhor. Mas o tão almejado “jovem para sempre” está longe de ser uma realidade. E é nesse contexto que a ciência avança, para proporcionar mais saúde, mobilidade, cognição e, por consequência, o retardo dos sintomas da velhice. Esse “passar de anos” reflete não só para nós, humanos. Como todo e bom melhor amigo, os cães estão ao nosso lado também nesse momento, sofrendo das mesmas consequências da degeneração celular. É justamente por eles conviverem no mesmo ambiente que nós e responderem de forma muito parecida à chegada da melhor idade que é valiosa a ciência que apoia a longevidade canina, que pode também revolucionar nossa compreensão sobre viver mais e melhor. O estudo da longevidade canina envolve uma análise profunda dos processos biológicos que impactam o envelhecimento, como genética e variáveis ambientais, por exemplo. Assim como com os humanos, cada cão é único e exibirá sinais de velhice diferentes ao atingir o status de idoso. Alguns apresentarão mudanças físicas, como lentidão, olhos turvos e sentidos letárgicos. Outros podem apresentar mudanças comportamentais, como aumento de ansiedade ou desorientação. A singularidade surge até mesmo nas raças. Cães maiores, como os dogues alemães, parecem envelhecer mais rápido e se tornam idosos já aos seis ou sete anos, enquanto cães menores podem levar nove ou dez anos para começar a mostrar sinais. Então, se pudermos entender melhor como o corpo envelhece, podemos investigar intervenções que ajudem a retardar o processo de envelhecimento, que podem variar desde uma pílula antienvelhecimento até mudanças no estilo de vida. Por isso cães de estimação se tornam um modelo comparativo precioso por três motivos que abordarei separadamente nestes mais de dez anos estudando a longevidade canina: nossa biologia compartilhada, ambiente em comum e vida útil significativamente mais curta. Cães e humanos compartilham mais de 17 mil genes especiais chamados ortólogos. Cada par de ortólogos é derivado do mesmo ancestral comum por descendência vertical (espécies) e tende a ter funções semelhantes. Temos inúmeras semelhanças até mesmo nos genes. Por vezes, os efeitos são idênticos, como é o caso da EPAS1, um gene desencadeado por condições de baixo oxigênio. Pessoas que vivem no Planalto Tibetano e as linhagens de cães que se desenvolveram lá possuem a mesma mudança genética neste gene, que ocorreu para ajudar nas respostas do corpo aos baixos níveis de oxigênio em grandes altitudes. Também temos genes parecidos, que não são idênticos, mas influenciam a saúde e a longevidade. A título de exemplo, podemos observar a variação nos genes que regulam o fator de crescimento, semelhante à insulina 1 (IGF1), que intervêm no tamanho corporal e no risco de câncer em cães e humanos. Esta via também é um regulador crítico da longevidade em todo o reino animal. Compreender essas conexões genéticas ajuda a estudar e, potencialmente, tratar condições de saúde compartilhadas entre espécies.
Remédio que pode prolongar vida de cães será testado no Brasil

“Os cachorros têm um lugar especial no meu coração”, afirma Matt Kaeberlein, biólogo e biogerontologista estadunidense que coordena as atividade do Dog Aging Project, o maior grupo de estudos sobre longevidade canina no mundo. Em atividade há 10 anos, o projeto já beneficiou mais de 50 mil cães nos Estados Unidos e, por isso, virou inspiração para a mais nova iniciativa brasileira voltada a melhorar o envelhecimento de cães nos Estados Unidos e, por isso, virou inspiração para a mais nova iniciativa brasileira voltada a melhorar o envelhecimento de cães. Trata-se do Programa Avançado de Mitigação do Envelhecimento Canino (Pamec), um projeto liderado pela biotech brasileira PetMoreTime que estará sob a orientação de Kaeberlein. A iniciativa estudará cães policiais, por meio de protocolos que associam o uso de medicamentos a um estilo de vida saudável. Entre os principais destaques do projeto está a utilização da rapamicina. Continue Lendo em Veja Saúde