Disfunção Cognitiva Canina: Causas, Sintomas e Tratamentos

Disfunção Cognitiva Canina

A Disfunção Cognitiva Canina, também conhecida como DCC, é uma espécie de “Alzheimer Canino” no qual o animal apresenta uma perda gradual de memória, dificuldade de aprendizado e outras habilidades mentais. Sendo assim, essa condição vai além do mero envelhecimento comum. 

Quando o cão envelhece, muitas mudanças químicas e físicas se manifestam no cérebro do animal, assim como em humanos. Por exemplo, os neurônios se degeneram, proteínas anormais – como a beta-amiloide – se acumulam no tecido cerebral, entre outros fenômenos. E tudo isso prejudica as funções cognitivas e configura a síndrome neurodegenerativa progressiva, chamada de  DCC.

Muitas vezes, os sinais iniciais da Disfunção Cognitiva Canina (DCC) passam despercebidos, sendo confundidos com “coisas da idade”. No entanto, conforme a doença avança, os pets passam a apresentar sintomas cognitivos e comportamentais claros.

A DCC é uma condição degenerativa e irreversível, mas com os cuidados adequados, é possível controlar os sintomas e retardar sua progressão.

Alguns dados relevantes sobre a DCC incluem:

  • Em cães muito idosos (acima de 11-15 anos), esse número pode chegar a 60-68%.
  • Até 85% dos casos não são diagnosticados.

Sintomas da Disfunção Cognitiva Canina

Os sinais da DCC podem ser sutis no início e muitos tutores os interpretam como comportamentos normais de um cão velhinho. É importante ficar atento, pois mudanças marcantes de comportamento em um cão idoso podem indicar DCC e não apenas “rabugice” da idade​.

Os sintomas mais comuns incluem:

Desorientação

  • Ficar “perdido” em casa, como se não reconhecesse o ambiente;
  • Ficar preso atrás de móveis ou encara paredes sem motivo;
  • Tentar sair pelo lado errado da porta.

Mudanças na Interação Social

  • Fica mais distante, não buscando carinho como antes;
  • Pode parecer “irritado” sem motivo claro;
  • Ou, ao contrário, fica extremamente grudado e ansioso.

Sono Desregulado

  • Dorme o dia todo e fica acordado à noite (andando pela casa ou latindo).

Esquecimento e Perda de Aprendizado

  • “Desaprende” comandos básicos (como “senta” ou “deita”);
  • Faz xixi e cocô no lugar errado, mesmo sendo treinado;
  • Tem dificuldade para aprender coisas novas.

Alterações no Nível de Atividade

  • Fica mais apático, sem interesse em brincar ou explorar;
  • Ou anda em círculos, repetindo movimentos sem parar.

Ansiedade e Medo

  • Fica mais assustado com coisas simples;
  • Chora ou late sem motivo aparente;
  • Não gosta mais de ficar sozinho (ansiedade de separação).

Nem todo cão terá todos os sintomas, e alguns podem ser confundidos com outras doenças. O importante é observar mudanças no comportamento e levar ao veterinário. Quanto antes a DCC for diagnosticada, melhor será a qualidade de vida do seu pet!

Idade de Início e Raças Mais Afetadas

A DCC (Disfunção Cognitiva Canina) é uma condição relacionada ao envelhecimento cerebral que afeta principalmente cães na fase geriátrica.

Quando aparece?

  • Primeiros sinais: podem surgir a partir dos 7-9 anos. Isso varia conforme o porte. Porte grande 7-9 anos já é idoso e porte pequeno é idoso por volta de 12 anos.
  • Casos mais evidentes: geralmente em cães acima de 14-15 anos.

Causas da Disfunção Cognitiva Canina

A principal causa da DCC é o processo de envelhecimento do cérebro do animal. Conforme os cães envelhecem, seu sistema nervoso passa por uma série de alterações degenerativas – muitas das quais são semelhantes às observadas em humanos com Alzheimer. Alguns dos mecanismos envolvidos incluem:

Acúmulo de proteínas tóxicas

  • Placas de beta-amiloide se formam no cérebro a partir dos 8 anos;
  • Afetam principalmente áreas da memória e aprendizagem;
  • Bloqueiam a comunicação entre neurônios.

Estresse oxidativo

  • Desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes;
  • Danifica células cerebrais ao longo do tempo.

Inflamação e má circulação

  • Vasos sanguíneos cerebrais ficam mais rígidos;
  • Redução no fluxo de oxigênio e nutrientes.

Desequilíbrio químico

  • Produção reduzida de neurotransmissores importantes.

Afeta humor, atenção e comportamento

Fatores de Risco

  • Idade: principal fator (quanto mais velho, maior o risco);
  • Estilo de vida: falta de estímulos mentais pode acelerar o declínio;
  • Saúde geral: traumas ou doenças neurológicas prévias podem contribuir.

Boa notícia:

  • Enriquecimento ambiental e atividade mental regular ajudam a criar uma “reserva cognitiva”;
  • Nutrição adequada pode retardar o processo.

Diagnóstico da Disfunção Cognitiva Canina

Diagnosticar DCC pode ser desafiador, pois não existe um exame laboratorial simples que confirme a doença. O diagnóstico é basicamente clínico, feito através da avaliação dos sinais e pela exclusão de outras doenças que possam causar sintomas parecidos​.

As etapas típicas do diagnóstico incluem:

  • Anamnese e histórico comportamental: o veterinário começa colhendo um relato detalhado do tutor sobre as mudanças de comportamento do cão:quando começaram, com que frequência ocorrem e em que circunstâncias.
  • Exame clínico e neurológico completos: em seguida, o veterinário realizará um exame físico geral e neurológico no animal, para avaliar reflexos, acuidade visual/auditiva, coordenação, dor, etc. Isso é importante para verificar se não há problemas sensoriais ou neurológicos primários (por ex: perda de visão ou audição, artrite severa, doença vestibular, tumores cerebrais) que possam explicar os sintomas de desorientação ou apatia.
  • Exames complementares (exclusão de outras causas): para afastar outras doenças comuns em cães idosos, normalmente são solicitados exames de sangue e urina, que avaliam funções renais, hepáticas, tireoidianas, níveis de glicose, etc.

Vale ressaltar que não há um marcador específico ou teste 100% confirmatório para DCC em vida. O diagnóstico definitivo só seria possível examinando o tecido cerebral (geralmente post-mortem, através de necropsia e histopatologia, encontrando as placas beta-amiloides e outras lesões características). 

Na prática clínica, porém, essa confirmação não é realizada enquanto o animal está vivo. Por isso, é tão importante a experiência do veterinário e a colaboração do tutor na observação dos sintomas.

Em casos duvidosos ou mais complexos, o veterinário clínico pode encaminhar o pet a um médico-veterinário neurologista para uma avaliação especializada.

Identificar a DCC precocemente é benéfico porque permite iniciar medidas de tratamento e manejo antes que o declínio cognitivo seja muito severo​.

Portanto, se o seu cão idoso apresenta sinais estranhos de confusão ou alteração de comportamento, não os atribua apenas à idade sem antes consultar um veterinário. É sempre melhor investigar – muitas vezes, reconhecer a síndrome e tratá-la pode trazer melhora na qualidade de vida do animal.

Mesmo pequenas melhoras — como voltar a dormir melhor ou reconhecer os tutores — já são sinais positivos. Por isso, celebre os progressos, mantenha o acompanhamento com o veterinário e ajuste o plano sempre que necessário.

Com paciência, carinho e atenção, seu cão pode envelhecer com mais dignidade, tranquilidade e amor. 🐾