Você se arruma para sair, pega a chave, fecha a porta… e, do outro lado, começa o show de latidos, uivos e choro.
Muita gente acha “fofo” ou acredita que é só manha, mas não é normal nem ideal que o cachorro entre em desespero toda vez que fica sozinho.
Quando isso acontece com frequência, pode ser ansiedade de separação em cachorro, um transtorno real, que causa sofrimento físico e emocional no animal e atrapalha a rotina da família.
Rita Zuanaze, médica veterinária da PetMoreTime e geriatra, aponta que “cães com ansiedade de separação são, no fundo, cães que sentem falta da pessoa, do seu tutor ou do humano que ele escolhe como sua referência de segurança.“
“Não apenas sente falta de uma ‘companhia’. Mesmo no meio de outros pets, muitas vezes mantêm o comportamento ansioso, durante a separação.”
O que é ansiedade de separação em cães?
Ansiedade de separação é um quadro em que o cachorro não consegue lidar com a ausência do tutor, apresentando estresse intenso sempre que precisa ficar sozinho, mesmo por poucos minutos.
Esse transtorno pode aparecer em qualquer idade e costuma surgir quando:
- O tutor muda a rotina (como começar a trabalhar fora);
- O cão passa por troca de ambiente ou família;
- O animal é muito dependente emocionalmente;
- Há falta de socialização e de momentos de independência.
- Insegurança em cães que começam a apresentar distúrbios cognitivos, especialmente nos idosos
Lembre-se que o cão não está fazendo “manha”. Ele realmente sente medo e insegurança quando não está com você.
Sintomas mais comuns da ansiedade de separação
A intensidade varia de cachorro para cachorro, mas alguns sinais são bem característicos:
- Latidos, choros e uivos contínuos depois que o tutor sai;
- Destruição de portas, sofás, móveis ou objetos pessoais;
- Xixi e cocô fora do lugar, mesmo em cães que já eram treinados;
- Salivação excessiva, inquietação e tremores;
- Andar pela casa sem parar, como se estivesse em busca do tutor;
- Recusar água e alimento quando está sozinho;
- Lamber ou morder as próprias patas, podendo causar feridas;
- Seguir o tutor pela casa o tempo todo, sem conseguir relaxar.
Quando mais de dois desses sinais se repetem com frequência, é um grande indicativo de ansiedade de separação.
Meu cachorro chora quando fica sozinho: isso sempre significa ansiedade?
Chorar ao ficar sozinho pode ser ansiedade de separação, mas não é a única possibilidade.
Alguns cães choram quando:
- Estão entediados e sem estímulos;
- Sentem dor ou desconforto;
- Têm medo de ruídos (fogos, trovões, carros);
- Nunca foram condicionados a ficar sozinhos.
A diferença é o padrão de intensidade: na ansiedade de separação, o choro vira desespero, e o comportamento tende a escalar rapidamente.
Consequências da ansiedade de separação no cachorro
Além de sofrimento emocional, a ansiedade de separação pode resultar em:
Para o cachorro
- Aumento de cortisol (hormônio do estresse);
- Queda de imunidade;
- Feridas na pele por lambedura compulsiva;
- Perda de peso;
- Risco de acidentes tentando escapar.
Para a família
- Reclamações de vizinhos;
- Danos materiais (portas, móveis, objetos);
- Culpa e desgaste emocional do tutor.
Essa combinação faz com que a ansiedade de separação nunca deva ser ignorada.
Como ajudar um cachorro com ansiedade de separação
O manejo exige constância, calma e mudanças na rotina. Aqui vão as estratégias que trazem melhores resultados:
1. Torne entrada e saída da casa algo neutro
Quanto mais se chamar atenção ao ritual de despedida ou chegada, mais o cão associa essas situações à excitação e ansiedade.
- Não faça festas ao sair nem ao voltar.
- Espere alguns minutos antes de dar atenção.
- Aja como se fosse algo comum, porque é.
2. Treine ausências graduais
Ensine o cão a tolerar distâncias pequenas antes de avançar para tempos maiores.
- Comece saindo por 30 segundos.
- Aumente para 1 minuto, depois 3, 5, 10…
- Volte antes do cachorro entrar em pânico.
Esse treino constrói a sensação de segurança no seu cãozinho de que você sempre voltará.
3. Enriquecimento ambiental é obrigatório
A mente ocupada trabalha a favor do cão:
- Brinquedos com comida;
- Tapetes lambe-lambe;
- Esconder petiscos pela casa;
- Ossos recreativos e atividades que exigem foco.
Um cão que tem o que fazer sofre menos quando está sozinho.
4. Gaste energia antes de sair
Passeios, jogos de busca e treinos curtos ajudam a:
- Reduzir ansiedade;
- Melhorar a disposição;
- Promover relaxamento físico.
Cão cansado = cão mais tranquilo para enfrentar um período sozinho.
5. “Desligue” gatilhos da saída
Pegue a chave, vista o sapato, coloque a mochila… e não saia. Faça isso em horários aleatórios. Com o tempo, esses objetos podem deixar de ser gatilhos de ansiedade.
Remédio para ansiedade de separação em cachorro: quando considerar?
A medicação não é a primeira opção, mas pode ser necessária quando:
- O cão entra em pânico extremo;
- Há automutilação;
- Nada melhora com treino e mudanças de rotina;
- O comportamento está atrapalhando a saúde física e mental do animal.
Somente um médico veterinário pode prescrever o medicamento correto, ajustar doses e acompanhar o tratamento.
Existem opções como:
- Ansiolíticos de uso veterinário;
- Suplementos ou nutracêuticos;
- Antidepressivos;
- Feromônios;
- Fitoterápicos específicos.
Jamais ofereça remédios humanos ou “calmantes naturais” sem orientação.
E se nada melhorar?
Nesses casos, é hora de:
- Consultar o veterinário para descartar dor, doenças e problemas hormonais.
- Buscar um profissional de comportamento (veterinário comportamentalista ou adestrador positivo).
- Avaliar alternativas temporárias como pet sitter ou creche canina.
- Registrar vídeos do cão sozinho para análise profissional.
Quando o cachorro é idoso, a situação muda
Em cães mais velhos, o comportamento ansioso pode ser sinal de:
- Dor crônica;
- Perda de visão ou audição;
- Alterações neurológicas;
- Início de síndrome de disfunção cognitiva canina (um equivalente ao Alzheimer).
Nesses casos, o cão pode:
- Choramingar à noite;
- Parecer desorientado;
- Ter dificuldade de reconhecer pessoas;
- Ficar mais dependente e inseguro;
- Defecar e/ou urinar em locais inusitados
Ou seja, nem sempre é só ansiedade. Pode ser declínio cognitivo.
E aí o manejo comportamental precisa ser combinado com suporte clínico.
Para cães idosos, cuidado e acompanhamento fazem toda a diferença
Se o seu cão idoso está mais inseguro, choroso ou desorientado, ele pode estar passando por mudanças cognitivas que exigem atenção.
O Programa de Longevidade da PetMoreTime combina tecnologia, monitoramento contínuo e conhecimento científico para prolongar o tempo de vida saudável do seu melhor amigo.


