Leishmaniose Canina: Tratamentos, Sintomas e Dúvidas Comuns

leishmaniose canina

A leishmaniose canina (conhecida como calazar em alguns lugares) é uma doença perigosa que atinge principalmente os cães, mas também pode afetar outros animais e até seres humanos. Ela é causada por um parasita chamado Leishmania, que prejudica o sistema imunológico do pet. De acordo com o Informe Epidemiológico de Leishmanioses das Américas, o Brasil registrou 12.878 casos da doença em 2022, com tendência de crescimento entre 2023 e 2024. Pesquisadores da Fiocruz reforçam o alerta: o número de cães infectados também está aumentando em todo o país. No Brasil, quase todos os casos em cães são do tipo leishmaniose visceral, provocada pela espécie Leishmania infantum. Essa é uma doença grave, que se desenvolve lentamente e, se não for tratada, pode levar à morte tanto dos animais quanto das pessoas. Por isso, é um problema importante para a saúde pública. O que é leishmaniose canina? A leishmaniose canina é uma doença grave causada por um parasita microscópico chamado Leishmania. Esse invasor entra no corpo do cachorro pela picada de um mosquito infectado (conhecido como mosquito-palha, birigui ou cangalhinha, dependendo da região). Uma vez dentro do organismo, o parasita ataca as células de defesa do cão e se multiplica, espalhando-se para órgãos importantes como: Existem dois tipos principais de leishmaniose: Por que é preocupante? É uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida para humanos (mas não passa diretamente do cão para a pessoa – só pelo mosquito infectado). Se não for tratada, pode ser fatal tanto para os animais quanto para os humanos. Nos cães, a doença é crônica e difícil de controlar, mas com cuidados, é possível melhorar a qualidade de vida do pet. Sintomas da leishmaniose canina A leishmaniose canina é uma doença traiçoeira porque muitos cães infectados não apresentam sintomas por meses ou até anos. Quando os sinais aparecem, podem variar bastante, já que a doença afeta vários órgãos. Principais sintomas que o tutor pode observar: Problemas de pele Unhas anormais e patas inflamadas Perda de peso e fraqueza Febre e inchaços Problemas oculares Sangramentos e outros sinais graves Dificuldade para andar Importante: Alguns cães que estão infectados, não mostram sintomas, mas ainda podem transmitir a doença se forem picados pelo mosquito. Em regiões onde a leishmaniose é comum, exames periódicos são essenciais mesmo que o pet pareça saudável. Se o seu cachorro apresentar algum desses sinais, consulte um veterinário urgentemente! Quanto antes for diagnosticado, melhor a chance de controle da doença. Transmissão da leishmaniose canina (passa para humanos?) A leishmaniose não é transmitida diretamente do cão para pessoas ou entre animais.  O contágio só acontece por meio da picada de um mosquito infectado – no Brasil, o principal transmissor é o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis). Como ocorre o ciclo de transmissão? Cães são os principais reservatórios urbanos – Quanto mais cães infectados em uma região, maior o risco de transmissão para humanos, se houver mosquitos por perto. Não pega por contato direto – Não adianta evitar abraçar ou beijar o cão: a doença só se espalha pela picada do mosquito. Pode passar para humanos? Sim, mas apenas se um mosquito picar um cão doente e depois uma pessoa. Casos raros (fora do comum): O maior perigo está no mosquito-palha. Por isso, proteger o cão com repelentes e vacinas é a melhor forma de evitar a doença em pets e humanos. Diagnóstico da leishmaniose canina (teste rápido e exames) Se o seu cão apresenta sintomas suspeitos de leishmaniose ou vive em uma região onde a doença é comum, é essencial levá-lo ao veterinário para exames específicos. O diagnóstico precoce aumenta as chances de controlar a infecção e evitar complicações graves. Principais métodos de diagnóstico: Teste rápido (imunocromatografia) Funciona como um “teste de farmácia” – usa uma gota de sangue do cão para detectar anticorpos contra a Leishmania. Resultado em minutos, útil para triagem inicial. Limitação: Pode dar falso negativo em casos recentes ou com baixa carga parasitária. Sorologia (ELISA/RIFI) Detecta anticorpos no sangue com maior precisão que o teste rápido. ELISA e RIFI são exames laboratoriais mais sensíveis, usados para confirmar resultados duvidosos. Atenção: Infecções muito iniciais podem não ser detectadas, pois o corpo ainda não produziu anticorpos suficientes. Exame parasitológico (citologia/biópsia) Coleta-se amostras de linfonodos, medula óssea, baço ou pele para visualizar o parasita no microscópio. Se o protozoário for encontrado, o diagnóstico é confirmado definitivamente. Desafio: Em infecções leves, pode não haver parasitas suficientes na amostra, levando a um falso negativo. PCR (teste molecular) Identifica o DNA do parasita no sangue ou tecidos, mesmo antes da produção de anticorpos. Mais sensível para detecção precoce, mas também pode falhar se a carga parasitária for baixa na amostra analisada. Nenhum exame é 100% infalível! Por isso, o veterinário avalia: Se houver suspeita forte, mas os exames forem negativos, o profissional pode repeti-los após algumas semanas. Por que o diagnóstico correto é tão importante? Para iniciar o tratamento quanto antes e melhorar a qualidade de vida do cão. Para reduzir o risco de transmissão, já que cães doentes podem infectar mosquitos, que então transmitem a doença a outros animais e humanos. Se notar qualquer sinal suspeito, não espere – consulte um veterinário! Tratamento: como tratar a leishmaniose canina Até poucos anos atrás, cães com leishmaniose eram, infelizmente, condenados à eutanásia. Isso porque a doença não tem cura definitiva e representa risco de transmissão.  Mas desde 2016, esse cenário começou a mudar com a liberação, no Brasil, do primeiro medicamento veterinário autorizado para o tratamento da leishmaniose canina: a miltefosina (Milteforan®). O tratamento, feito exclusivamente sob prescrição veterinária, tem como objetivo controlar os sintomas e reduzir a carga do parasita no corpo do cão, proporcionando mais qualidade de vida e diminuindo o risco de o animal infectar novos mosquitos. Isso é chamado de cura clínica ou cura epidemiológica — o cão melhora, mas a doença não é eliminada completamente. Por isso, ele pode ter recaídas e continuará precisando de acompanhamento. A terapia inclui: Outros medicamentos podem ser usados conforme o estado do cão (como pomadas para pele ou remédios para